O abismo entre discurso x realidade

As greves dos entregadores de aplicativos —iFood, Rappi, Uber Eats e outros – em vários momentos — escancara o fracasso do que já foi aclamado como o maior símbolo da economia do compartilhamento que deveria dominar este século 21. Lembra da promessa, feita nos primeiros anos do novo milênio, quando essas empresas começaram a ser gestadas lá no Vale do Silício? Na época, quando se falava em compartilhamento, ainda havia a impressão de que se estava falando de um capitalismo mais consciente, com o fim da mentalidade consumista dos anos 1990.

Na prática, o que se viu foi a substituição do taxista por um motorista, não profissional, que aderiu à profissão de forma temporária, enquanto não encontrava emprego em sua área de atuação. Milhares deles, congestionando as ruas com carros alugados por locadoras. O sistema que deveria tirar carros das ruas colocou mais veículos rodando, muitas vezes com motoristas despreparados. A tarifas de fato baixaram, mas boa parte dos ganhos foi para as empresas de aplicativos, com seus investimentos bilionários, em busca de ganhar escala e se tornar a nova gigante do setor.

Uberização do Mercado de Trabalho

Aqui no Brasil venho batendo nesta tecla já há seis anos, por mais que boa parte das autoridades do poder judiciário e algumas autoridades públicas ainda não consigam compreender a complexidade da questão, que abrange o modelo insustentável (do ponto de vista socioeconômico) que vem sendo implantado por estas empresas predatórias. Mas, como sempre ressaltei, uma hora a conta deste modelo chegaria para todos nós.

Nosso país não deve tomar o caminho fácil da demagogia, pelo discurso simples da criação de postos de trabalho. Algo exatamente oposto ao que propõe as empresas de aplicativos de transporte e de entrega, por tratar-se de serviço erroneamente autônomo, precarizado e essencialmente explorador de mão de obra.

Algo que, por sinal, o STF não soube captar, quando teve a chance de formular uma fixação de tese geral com embasamentos que levassem em conta todo esse cenário de desolação para o trabalhador.

Como eu sempre destaquei aqui. talvez, em um futuro não muito distante, esta luta pela qual os taxistas passavam pudesse ser encarada como um marco para muitas outras profissões que passarão por risco semelhante. Talvez a dura luta atual dos taxistas e agora dos motofretistas, seja a sua luta de amanhã.

E talvez quando o sistema todo trabalhista decretar falência em benefício de algumas poucas empresas, nós finalmente encontremos empatia uns nos outros nesta causa tão opressora. Mas, quando tudo tiver ruído, talvez seja tarde demais.

👉👉👉Que fique o recado. E que ele possa atingir todo trabalhador brasileiro que realmente deseja ver o país crescendo com estrutura, consistência e geração de empregos decentes.
Porque afinal, não há engodo que dure para sempre! Nem dinheiro de investidor que nunca acabe.

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Adilson Amadeu
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